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quinta-feira, 28 de maio de 2009

Codex Gigas


representação do diabo
Quando no ocioso domingo de Páscoa estava praticando meu esporte favorito, que é navegar pelos canais da tv encontrei uma matéria que me chamou atenção - O Codex Gigas ou a Bíblia do Diabo.  Em princípio como se tratava da história de um manuscrito produzido na Idade Média me detive. Fiquei tomada pela ideia, me quedei paralisada diante do tamanho do livro com 90cm de comprimento 50cm de largura, 22cm de espessura 70kg é o maior manuscrito medieval. Sua ventura ao longo da história é por si só fascinante, o próximo passo foi procurar ler tudo o que encontrei na rede. É claro que não faltam bobagens, descrições repetitivas, ocultistas, gente de toda a lavra, especulam sobre a origem do Codex, atribuem ser obra de um único escriba, que teria sido condenado ao emparedamento, para redimir-se propôs escrever um único livro que seria a glória do seu mosteiro. No ano de 1295 o monge apócrifo começa o seu labor, levou 20 anos escrevendo e desenhando. A maioria dos textos que li se referem a figura central - uma representação da figura do Diabo - confesso que não achei grandes coisas é uma representação tosca da figura de Pan
capa do codex
O que me interessou foi:  
1. O suporte - Pergaminho -foram necessários para tal feito o abate de 160 burros jovens. 
2. As tintas empregadas - ouro, prata, lápis lázuli, pau-brasil, terra de ciena
3. A singularidade das Capitulares . 
4. A disposição do texto em duas colunas. 
5. A encadernação capa em madeira revestida com pergaminio e cantoneiras em bronze.

 Muitas perguntas ficaram sem resposta para mim. Sofreu alguma restauração? Qual o tipo de costura empregado? A cola provavelmente de gelatina animal? A linha e que o costurou? Qual a temperatura em que se encontra? Nestes séculos de existencia, sobreviveu a tantas  guerras, e a outro tanto de incêndios como foi possível manter o seu frescor?
Em suas 300 páginas escritas em Latim contém histórias Bíblicas, histórias checas, trabalhos do historiador judeu José Flávio que viveu em Roma no primeiro século de nossa época, as famosas "Orígines" do arcebispo Santo Isidoro de Sevilha séc VII e tratados sobre o corpo humano de Galeno.
Tudo indica que este Codex seja o resultado da dedicação de toda uma vida. Uma vida inteira dedicada a uma única obra. Suas mãos foram embalsamadas, e permanecem em algum relicário de algum mosteiro beneditino. Sequer saberei o seu nome, porém sua obra continua a fazer fortuna.
Li os textos que são uma maravilha, porém a própria história da sobrevivência do Codex é o meu texto favorito.
Tudo começa no Mosteiro Beneditino de Podlazice, onde o manuscrito foi elaborado no século 13. Os monges se endividaram e tiveram que empenhar a sua jóia.  Em 1295 a Bíblia do Diabo foi resgatada pelo mosteiro Beneditino do de Brenov em Praga, durante as guerras dos Hussitas e a seguir a Guerra dos trinta anos de 1618 11648  no século XV o Livro permaneceu guardado no inexpugnável mosteiro de Broumov na Boémia Oriental. Em 1594, o imperador Rodolfo II o resgatou da obscura cela do monastério de Broumov, e o incorporou a sua explêndida coleção de objetos raros. Quando as tropas protestantes suecas tomaram o castelo de Praga em 1648, se apoderaram de toda a coleção de RodolfoII. Desde então o Codex permanece na Biblioteca Real de Estocolmo. Desde o  século XVII o Codex saiu raras vezes da Suécia a primeira vez em 1970 quando foi exibido no Museu Metropolitano de Nova Iorque, e oito anos mais tarde em Berlim.
A terceira vez que saiu da Biblioteca foi após anos de negociações. Negociações que se iniciaram no século XIX entre a república Theca e o governo sueco. O Codex foi levado  a Praga para uma breve exposição e retornando em seguida a Suécia, onde se encontra na seção das obras raríssima da Biblioteca Real de Estocolmo.
Fiquei feliz por tê-lo encontrado e folheá-lo virtualmente foi o prêmio maior que obtive. Meu corpo  se tornará pó e o Codex permanecerá encantando, criando mitos, inspirando neofitos para todo o sempre.
Fontes:

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