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domingo, 25 de fevereiro de 2007

Fotogramas Cianóticos

Já se passaram 15 anos porém soa no meu ouvido a vóz grave do médico na emergência do hospital "a paciente esta cianótica PA zero". Foi aprimeira vez que me deparei de frente com a morte, aquele corpo inérte e um azul profundo em sua face. Foi um longo caminho até que por fim o sorriso e um belo ruge voltou a lhe tingir as maçãs.
Foi desta forma que conheci os tons azuis profundos, e os semi tons violáceos que caracterizam a cianotipia. Voltei a encontrá-los há pouco tempo quanto fiquei sem máquina fotográfica, e premida pela necessidade de sobrevivencia descobri a cianotipia, o azul da prussia, os sais de ferro.
Encontrei muitas fórmulas passei todo o inverno testando. Descobri a beleza rara e única de um fotograma.
É tão simples, tudo que tu necessitas são duas placas de vidro, papel tratado com sais de ferro, folhas, flores, pequenos objetos que quando expostos a luz do sol registram a imagem, para revelar basta água. O resultado são imagens únicas imaterias. E o melhor, não é preciso uma leica.
A morte e o azul da prussia caminham bem próximo por tanto não deixe de tomar cuidado. A ingestão e o contato prolongado com a pele te levarão a emergência do hospital e te asseguro que mesmo que tentes o ruge não voltará .

Caixas com papel


caixas com papel

cadernos costurados em varios estilos



Cadernos estilo copta

Cadernos

Em Florianópolis não há cursos de encadernação, menos ainda de restauração de papel e caos avança quanto se trata de marmorização de papel. O caminho que percorrir foi árduo, durante tres anos pesquisa, lendo e praticando todas as tutoriais que encontrei na web, cheguei há um bom termo, tanto técnico quanto teórico. Fico surpresa quando sou procurada para ministrar cursos sobre os processos de encadernação e pequenos reparos em livros. A surpresa vai além, quando encontro pessoas que fizeram cursos em S. Paulo e sequer ousam trocar idéias sobre encadernação. Há um medo muito grande elas são cheias de mistérios e segredos de oficio. Quando mostro o trabalho que realizo cotidianamente, perguntam-me com quem aprendi, repondo com uma lista de links e me disponho a compartilhar a informação.
O caminho da marmorização de papel foi até surrealista, a procura pelo fel de boi foi um delírio, a proprietaria da única loja de material para pintura me disse que eu fosse procurar no frigorifico, não desisti, falei com o meu açougueiro, ele me assegurou que havia nos matadouros clandestinos de Tijucas . Liguei para um obscuro matadouro, e a informação foi: "a Renner compra todo o estoque e portanto não temos para vender no momento, que esperasse mais uma semana". Uma semana é uma eternidade, voltei p/ web e encontrei o sitio da winsor e newton a seguir a palavra mágica oxgall. Voltei à loja de material de pintura e sem dar a mínima para o vendedor em contrei 04 vidros do precioso líquido. Para comprar sulfato de alumínio foi mais fácil, andei por todo o continente, nas lojas de produtos para laboratório e nada. Não desisti, encontrei na lista o telefone de um representante comercial. De volta à ilha 05 horas depois cá estava feliz da vida com um kilo de sulfato de aluminío...hehehehe
É claro tive que fazer os pentes descobrir a temperatura ideal da água, muitos erros e muitos acertos também. Porém eu consegui. E guardo com carinho as primeiras amostras dos padrões históricos, principalmente dos que não deram certo na primeira tentativa, aprendo muito com eles.
Agradeço a Leda que sempre me apoiou nas minhas pesquisas, ouve toda a lamuria e partilha dos momentos felizes no laboratório do arquivo. Agradeço a AnaLúcia pela enorme paciência, eu sei que não é fácil aturar uma criatura monotemática.