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domingo, 2 de março de 2008

Uma encadernação nada vistosa


Um livro encadernado com pele humana, datado do início do século XVII, foi vendido por 5.600  libras em um leilão na Inglaterra no ano passado. A pele que encaderna o livro pertence ao padre jesuíta Henry Garnet, que foi enforcado em 1606 pela sua alegada participação na "conspiração da pólvora".
A conspiração foi um plano elaborado pelo católico Guy Fawkes que tentou explodir o parlamento inglês e destruir o rei protestante, James I .
O volume se torna ainda mais sinistro quando se lê o título - "Um verdadeiro e Perfeito Relatório Contra o Falecido Bárbaro Traidor, Garnet, um Jesuíta e os seus Conferedados". Na capa, parece visível o rosto de um homem, afirma-se que é a pele do rosto do próprio Garnet.
O livro foi impresso e encadernado por Robert Barker, impressor real, meses após a execussão do padre .  O seu expectro continua por séculos e sua última aparição esta no próprio volume, a imagem aterradora que aparece na capa revela os pelos da barba, e seus grandes olhos, segundo   Sid Wilkinson, porta voz da casa de leilão, onde se realizou a venda - a imagem que aparece na capa não foi produzida, trata-se de um enrugamento natural devido o tempo.
Embora tenha sempre alegado sua inocência, Garnet conhecia alguns dos conspiradores, e sabia do seu plano através de um outro padre que o relatou durante uma confissão. Sua determinação em manter o segredo lhe custou a vida.
A encadernação com pele humana foi bastante comum até o século XIX, também conhecida anthropodermic bibliopegy. Estes modelos históricos se encontram nos setores destinados as  obras raras das bibliotecas européias e americanas. A maioria destes livros são referentes a medicina. Dr. John Hunter (1728 - 1793), famoso anatomista, considerado o pai da cirurgia moderna inglesa, encomendou um livro sobre dermatologia encadernado com pele humana.
 A pele utilizada frequentemente era retirada de um prisioneiro, particulamente de um assassino, de um indigente, ou de qualquer um que a família não reclamasse o corpo. Os assassinos condenados a morte tinham sua pele curtida e  utilizada na encadernação dos autos do processo.
Felizmente nossa sensibilidade é muito diferente hoje, nos permite olhar e sentir repulsa diante de uma encadernação nada vistosa.

Um comentário:

Hiroko Hime disse...

Bom, existem livros encadernados com couro que são guardados como verdadeiras obras-primas (por diversos motivos, claro, não somente a capa). Enfim, de onde vem o couro desses livros? É sintético? Não. Então qual a grande diferença entre o couro humano e o animal? Ambos somos mamíferos, nascemos, crescemos, reproduzimos, morremos e somos igualmente sencientes; assim, desculpe-me os puritanos não vi nada demais...