Um livro encadernado com pele humana, datado do início do século XVII, foi vendido por 5.600 libras em um leilão na Inglaterra no ano passado. A pele que encaderna o livro pertence ao padre jesuíta Henry Garnet, que foi enforcado em 1606 pela sua alegada participação na "conspiração da pólvora".
A conspiração foi um plano elaborado pelo católico Guy Fawkes que tentou explodir o parlamento inglês e destruir o rei protestante, James I .
O volume se torna ainda mais sinistro quando se lê o título - "Um verdadeiro e Perfeito Relatório Contra o Falecido Bárbaro Traidor, Garnet, um Jesuíta e os seus Conferedados". Na capa, parece visível o rosto de um homem, afirma-se que é a pele do rosto do próprio Garnet.
O livro foi impresso e encadernado por Robert Barker, impressor real, meses após a execussão do padre . O seu expectro continua por séculos e sua última aparição esta no próprio volume, a imagem aterradora que aparece na capa revela os pelos da barba, e seus grandes olhos, segundo Sid Wilkinson, porta voz da casa de leilão, onde se realizou a venda - a imagem que aparece na capa não foi produzida, trata-se de um enrugamento natural devido o tempo.
Embora tenha sempre alegado sua inocência, Garnet conhecia alguns dos conspiradores, e sabia do seu plano através de um outro padre que o relatou durante uma confissão. Sua determinação em manter o segredo lhe custou a vida.
A encadernação com pele humana foi bastante comum até o século XIX, também conhecida anthropodermic bibliopegy. Estes modelos históricos se encontram nos setores destinados as obras raras das bibliotecas européias e americanas. A maioria destes livros são referentes a medicina. Dr. John Hunter (1728 - 1793), famoso anatomista, considerado o pai da cirurgia moderna inglesa, encomendou um livro sobre dermatologia encadernado com pele humana.
A pele utilizada frequentemente era retirada de um prisioneiro, particulamente de um assassino, de um indigente, ou de qualquer um que a família não reclamasse o corpo. Os assassinos condenados a morte tinham sua pele curtida e utilizada na encadernação dos autos do processo.
Felizmente nossa sensibilidade é muito diferente hoje, nos permite olhar e sentir repulsa diante de uma encadernação nada vistosa.
Um comentário:
Bom, existem livros encadernados com couro que são guardados como verdadeiras obras-primas (por diversos motivos, claro, não somente a capa). Enfim, de onde vem o couro desses livros? É sintético? Não. Então qual a grande diferença entre o couro humano e o animal? Ambos somos mamíferos, nascemos, crescemos, reproduzimos, morremos e somos igualmente sencientes; assim, desculpe-me os puritanos não vi nada demais...
Postar um comentário