O óbvio, sem sol a cianotipia é impossível.
A sombra revela os fantasmas, as diabrites, os seres que fogem da luz do sol. A pele destes demônios tem uma textura macilenta, úmida, pegajosa. Quando me encontrava na fase pueril da existência li ávidamente H.P. Lovecraft, e nunca considerei a possibilidade de me confrontar com os demônios descrito por ele. Eis que me encontro sentada degustando uma chiabatta, quando um destes seres, me aborda. Respirei fundo, engoli com certa resistência o pedaço de pão e fugi.
O demônio correspondia a exata descrição de Lovecraft: sorri, tem um olhar apertado e se insinua., no melhor estilo " oi querida como vai, andas sumida, a quanto tempo não te vejo, sabes quem eu vi aqui..." . O padrão é sempre o mesmo.
Quando o demônio gordo se apresentou à minha frente travestido de mulher e começou a catilinária, tocou a minha sineta interna e corri. Fechei os ouvidos, tapei os olhos, abandonei a chiabatta e em desabalada carreira cortei o corredor e me refugiei no espaço onde queimavam meus fotogramas.
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