Enquanto a baianidade, que é em si uma instituição, sangra com manha os cofres públicos, aqui na ilha da fantasia, as bibliotecas, os arquivos, a memória padecem de toda sorte de abandono.
Na semana passada fui tentar abrir uma janela no laboratório de restauração da biblioteca pública, foi um deus nos acuda, porque a dita janela caiu literalmente. Fui chamada de imprudente, por causar tamanho transtorno. Onde já se viu abrir uma janela, me repreendeu a diretora. Faz dez anos que a janela esta quebrada, e melhor não mexer, conserve - se do modo que está. Afinal foram comprados ar condicionados, porém arrumar uma simples janela é pedir demais. Outra prova conclusiva da minha notória falta de senso foi não reparar o local onde armazenei as pasta de poliondas, no laboratório de restauro do arquivo. É lógico, as goteiras existem, só uma alienada não percebe a existencia da chuva, é obvio que as goteiras molham tudo, me alertou a previdente senhora. Ora pois, a mesa foi feita para que se coloque os baldes, os plásticos e as bacias, com esse procedimento se evita o transtorno. Furibunda a beira da apoplexia, me fuzilou com o olhar.
Que sina, a minha, meu Senhor dos Passos, recorro a vós, fazei com que eu não abra mais as janelas, fazei com que não deixe as pastas em local impróprio. Mea culpa minha máxima culpa. Perdão senhor, pois eu não sei o que faço.
Talvez um dia seja digna de misericórdia, quando este dia chegar serei expert na arte de tapar o sol com a peneira, cantarei axé, verei com estes olhos que a terra há de comer, o cinema nacional feito com dinheiro privado, as bibliotecas com janelas abertas, todos os documentos limpos, e os arquivos livres das inundações constantes... Aguardo com paciência ma non troppo....
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